O
terreno onde a casa se implanta está inserido num loteamento de 15 moradias em
Antanhol, Coimbra, e destaca-se pela sua geometria irregular, funcionando como
ponto de rótula entre dois alinhamentos distintos. Esta singular condicionante
foi o ponto de partida para a definição da volumetria do projecto.
A casa revela-se como uma expressão
arquitetónica de ligação entre o lugar e o programa funcional. A sua forma
revela o resultado de um desenho sensível ao contexto, nascido tanto das
condicionantes planimétricas e altimétricas do terreno como da posição das
futuras construções envolventes previstas no projecto do loteamento. Foi
exatamente esta condição de “vazio envolvente” que levou à criação de 15 aberturas seletivas sobre a
paisagem (igual ao número de casas do loteamento em que se insere), espreitando
o espaço circundante, para já vazio, tentando encontrar o seu próprio lugar numa nova realidade construída,
que ainda não existe, como se a casa olhasse para o futuro, mas abrindo-se afirmativamente sobre o vale e o sino da
igreja da aldeia existente ao fundo, um marco da memória coletiva local que passa a fazer parte da
vivência da casa.
A Casa das
15 Janelas procurou revelar o modo como a arquitetura, longe de ser um fim em
si mesma, pode ser um meio para dar forma às emoções, ao uso quotidiano e ao
futuro de um lugar: a luz, o espaço, a materialidade e a sustentabilidade estão
aqui ao serviço de uma ideia de habitar que quer ser permanente, resiliente e
envolvente, traduzindo-se numa casa que procura relacionar-se com a envolvente
atual e futura, valorizando-a, tentando deixá-la melhor para as próximas
gerações, uma casa que se funde no terreno e revela, nas suas janelas, a
memória do lugar.
Ano: 2017 - 2025 | Localização: Antanhol, Coimbra, Portugal | Cliente: Privado (ler testemunho) | Tipo: Projecto de Raíz | Arquitectura: Alberto Dias Ribeiro | Estado: Concluído | Obra: Jaime Oliveira & Costa, Lda. | Fotografia: Alexandra Marques e Alberto Dias Ribeiro